Você sabia que o câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais frequente em homens brasileiros, atrás apenas do câncer de pele? A mortalidade é alarmante: além de ser a causa de óbito de 28,6% da população masculina, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta que um homem morre a cada 38 minutos no Brasil por conta disso.

Um dos aspectos mais preocupantes ultrapassa a mortalidade: o câncer de próstata envolve uma série de preconceitos em relação aos exames de prevenção, como o toque retal. Mas é importante frisa que, quando diagnosticado precocemente, a chance de cura aumenta em 95%, em estágio inicial.

Neste Novembro Azul, o Core-SP convida você a revisitar seus conceitos de masculinidade e cuidar da saúde. O machismo, a vergonha e o preconceito, em muitos casos, impactam tanto o diagnóstico do câncer de próstata, quanto a busca por tratamento, fazendo com que a doença seja identificada já em estágio avançado.

O resultado disso é uma taxa de óbito elevada: segundo o INCA, entre 2018 e 2019, por exemplo, o câncer de próstata vitimou 42 homens por dia, cerca de 15 mil mortes/ano. Já em 2020, dos 65.840 novos casos diagnosticados, o Mapa Assistencial da Saúde Suplementar (ANS) registrou 11.729 eventos hospitalares referentes ao câncer de próstata, porém, apenas 3% deles foram consultas com urologista.

Conscientizar sobre a doença é reforçar a atenção para o cuidado com o corpo e a mente – que não têm nada a ver com perda de virilidade. O autocuidado é um ato de amor e respeito consigo mesmo, fundamental para os homens que desejam uma vida longa e saudável. Confira agora algumas das principais dúvidas sobre o câncer de próstata:

O que é câncer de próstata?

Primeiro, vamos esclarecer o que é a próstata. É uma glândula que pesa cerca de 20 gramas, parece uma castanha e está abaixo da bexiga. Sua principal função é produzir e armazenar o líquido prostático, que junto com o líquido seminal (vesículas seminais) e os espermatozoides (testículos), forma o sêmen.

O câncer de próstata ocorre por conta de uma multiplicação de células da região. A mutação no DNA provoca o crescimento desordenado dessas células, o que leva a formação de tumores. Há vários tipos de câncer de próstata, cuja evolução pode ser mais ou menos rápida, mas no geral, o INCA reforça que a maioria dos casos responde bem ao tratamento quando diagnóstico é precoce.

O que causa?

Não se sabe a causa exata para o câncer de próstata, mas a interação entre fatores genéticos, ambientais, comportamentais e hormonais aumentam o risco de desenvolver a doença. Entre eles, vale citar o histórico familiar, envelhecimento (em especial, dos 45 anos em diante) e excesso de peso. Homens negros também sofrem maior incidência, o que segundo especialistas, é por conta da genética.

Quais os principais sintomas?

O câncer de próstata não apresenta sintomas na fase inicial; quando os sinais começam a aparecer, cerca de 95% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando a cura. Mas atenção para indicativos como: problemas para interromper o ato de urinar ou manter o jato da urina; vontade de urinar com frequência; problemas ao manter a ereção; dores ao urinar ou ejacular; presença de sangue na urina e/ou no sêmen.

Como é possível reduzir o risco?

O diagnóstico precoce é a melhor forma de prevenção: cerca de 20% dos pacientes são diagnosticados somente pelo toque retal, o que reforça que mesmo na ausência de sintomas, homens a partir dos 45 anos (com fatores de risco) e 50 anos (sem fatores de risco) devem ir ao urologista.

O toque retal é importante para avaliar alterações da glândula, como endurecimento e presença de nódulos suspeitos. O exame é rápido, indolor e feito pelo médico no consultório, com o dedo protegido por uma luva lubrificada. Não há nenhum outro exame que consiga substituir o diagnóstico do toque retal com a mesma eficácia.

Caso haja a suspeita, o médico pode solicitar outros exames, como o sangue PSA (antígeno, prostático específico), o ultrassom transreal e a biópsia – esta, que é o único procedimento capaz de confirmar o câncer.

O autocuidado pode, inclusive, ser incorporado na rotina para evitar os fatores de risco, com hábitos que previnem diversas doenças: pelo menos 30 minutos diários de atividade física, manter o peso corporal adequado, cuidar da saúde mental, praticar sexo seguro, não fumar, evitar o consumo de bebidas alcóolicas, ter uma alimentação equilibrada e, claro, fazer check-up regular!

Conheça a origem do Novembro Azul

O movimento teve início em Melbourne, na Austrália, em 2003. A iniciativa partiu de dois amigos, Travis Garone e Luke Slattery, que inspirados pela campanha da mãe de uma colega, associaram o bigode à conscientização sobre a saúde masculina. Eles escolheram o mês de novembro para deixar o bigode crescer, já que no dia 17 era comemorado o Dia Mundial do Combate ao Câncer de Próstata. Outros trinta amigos aceitaram participar da campanha, fazendo com que a campanha se espalhasse ainda mais.

Antes de ser conhecido como “Novembro Azul”, o movimento era conhecido como “Novembro sem barbear”. A cor azul surgiu quando mulheres foram incentivadas a simbolizar a luta utilizando roupas dessa cor, o que com o tempo fez com que, aqui no Brasil, a campanha fosse simbolizada como “Novembro Azul.

O objetivo da campanha é chamar atenção para a prevenção e diagnóstico precoce de doenças que envolvem a saúde masculina. Ao conscientizar informações sobre o câncer, a população masculina está munida para preveni-lo, além perpetuar a quebra de tabus envolvendo a doença, desde o machismo à vergonha.